Terra Indígena Wajãpi

Com uma população de cerca de 1200 pessoas vivendo em 95 aldeias, a TI foi homologada em 1996 após um processo de demarcação pioneiro realizado pelos próprios Wajãpi. A ocupação da TI caracteriza- -se pela constante circulação entre roças e aldeias abertas em diferentes regiões e pelo abandono temporário de áreas onde os recursos tornam-se escassos. Essa mobilidade territorial permite a regeneração ambiental e a renovação dos recursos, mas vem sendo ameaçada por políticas públicas que induzem à sedentarização, como a concentração do atendimento à saúde e da oferta de educação escolar em poucas aldeias próximas à BR- 210. Desde os anos 1980, os Wajãpi vêm se preocupando com ameaças a seu território e construindo estratégias para enfrentá-las, tais como a manutenção de aldeias nos limites da TI e a construção de alianças com moradores das comunidades vizinhas e com os órgãos gestores de UC da região. Em 2015, concluíram a elaboração do Plano de Gestão Socioambiental da TI, que sistematiza os acordos internos e demandas de apoio externo para garantir a boa qualidade de vida das comunidades na terra demarcada.

Caracterização da Terra Indígena:

  • São 95 aldeias
  • População aproximada de 1200 pessoas.

Histórico de Contato:

Não diria que o primeiro contato com os não indígenas foi em 1970. Acho que poderia escrever: “Por volta de 1970, encontramos muitos garimpeiros e gateiros invadindo o nosso território. Na mesma década, o Estado Brasileiro começou a construir a rodovia Perimetral Norte, BR 210, que pretendia cortar o nosso território e chegar a Roraima. Nesse período, fomos aglomerados em aldeamento pela FUNAI e missionários para nos proteger e também para liberar nosso território para os projetos do Estado. Depois da criação do Apina e da demarcação da nossa terra, tentamos sempre fortalecer nossas decisões e nossos modos de viver e ocupar a terra de maneira descentralizada.

Organizações representativas:

Foi no bojo do processo de demarcação física da TI que se formou o Conselho das Aldeias Wajãpi – Apina, constituído pelos chefes de todos as aldeias da TI Wajãpi. Uma organização dissidente foi criada pouco depois, a APIWATA (Associação dos Povos Indígenas do Triângulo do Amapari). Mais recentemente, em 2010, foi criada a AWATAC (Associação Wajãpi Terra, Ambiente e Cultura).

Fortalezas

  • As decisões do Apina e das nossas organizações sempre fortalecidas,dentro e fora da nossa terra.
  • O Planos de Ação e o Plano de Gestão Socioambiental da Terra Indígena Wajãpi sendo implementados e monitorados.

Fraquezas

  • A intensificação do contato com os não índios enfraquece os nossos modos de vida
  • As políticas públicas tentam nos centralizar e sedentarizar, desrespeitando os nossos modos de viver.

Oportunidades

  • Fortalecimento da ocupação descentralizada no nosso território, sempre fazendo vigilância;
  • Nossa participação nos Conselhos Consultivos (Mosaico, GATI, Parna, Flota)
  • Fortalecimento “Faixa da Amizade” que visa construir acordos de convivência com os vizinhos da Perimetral Norte sobre os usos das áreas no entorno da TIW.

Ameaças

  • Medidas legislativas que afetam os direitos indígenas (PEC 215, 37, 71; PL 1610/96; PLC227);
  • Ameaça de mineração no entorno da Terra Indígena Wajãpi
  • Ameaça de extinção da Floresta Estadual do Amapá e indefinição da área do uso do entorno da TIW, aumentando ainda mais a pressão sobre a nossa terra.